O empreendedorismo é contagioso. Do nada, esse “vírus” faz as pessoas enveredarem por um caminho prazeroso, mas cheio de percalços. O primeiro desses obstáculos diz respeito à escolha certa do negócio: onde atuar? É melhor encontrar um nicho de mercado ou trabalhar com uma paixão? Em um estágio posterior do desenvolvimento da empresa, um aporte financeiro pode ser necessário para bancar uma expansão e os investidores-anjo são um ótimo caminho para conseguir grana. Mas como chegar até eles? Todas essas questões foram respondidas – de formas diferentes em alguns casos, vale ressaltar – por nomes de destaques no mundo das startups.
Um dos painéis da Demo Brasil – Edição Nordeste, realizada em Maceió (AL), discutiu o mercado de startups e investidores. Participaram da mesa Guilherme Junqueira, da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), Maria Rita Spina Bueno, da Anjos do Brasil, e João Kepler, empreendedor e investidor-anjo. O painel foi moderado por Sandra Boccia, diretora de redação de Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
Os participantes do debate também abordaram questões que afligem os “infectados” pela vontade de abrir uma empresa, como a importância da educação formal e a necessidade de um empreendedor ser também um vendedor. Confira:
1) A importância da universidade
Quanto à influência da educação portal na carreira de um empreendedor, as opiniões de Junqueira, Maria Rita e Kepler divergem um pouco.
Para Junqueira, a academia precisa se reinventar para formar empreendedores. “Estudar três dias para passar numa prova não ajuda ninguém a criar uma empresa”, diz. Já Kepler reforça a importância da educação complementar: leituras focadas em empreendedorismo e eventos são essenciais. Maria Rita, por outro lado, afirma que a universidade é fundamental. “Todas têm centros de empreendedorismo. A experiência da formação traz valores muito além das provas.”
2) A ideia vem do que você vive
O que faz uma ideia surgir é a vontade de solucionar um problema, segundo Kepler. Partindo desse ponto, Junqueira diz que o essencial para quem está começando é, basicamente, olhar o mundo à sua volta. “A ideia vem do ambiente onde se vive. Um universitário, por exemplo, vive estudando, no trânsito e na balada.” Maria Rita engrossa o coro. “É difícil empreender em uma área que não faz sentido”, diz a diretora da Anjos do Brasil.
3) Não tenha medo de compartilhar suas ideias
O senso comum diz que, assim que alguém tem uma ideia inovadora, o melhor é guardar segredo. Mas não é bem assim. Para começar, na opinião de Maria Rita, as ideias não são muita coisa. “Empresas de sucesso apresentam soluções. A inspiração inicial não vale quase nada.”
Para o diretor da ABStartups, o empreendedor não deve ter tanto medo de ser copiado. “A dificuldade de quem usa as ideais dos outros é a mesma de quem teve a inspiração original”, diz ele, já que o caminho rumo ao sucesso é bastante longo.
4) Vender é importante – nem que alguém faça isso por você
“Vender é a alma do negócio”, de verdade. Se o empreendedor é tímido, surgirão dificuldades. Mas quem é caladão não precisa se desesperar. Segundo Maria Rita, o dono do próprio negócio precisa aprender muita coisa para se dar bem – e vender é uma delas. “Decorar um roteiro, gravar um pitch e corrigir erros e falar em frente ao espelho são boas maneiras de evoluir”, afirma.
Se as horas frente ao espelho não funcionarem, o ideal é que o empreendedor divulgue sua empresa bem fora das apresentações. “Caso o empreendedor trave em frente a grandes plateias, é importante vender nos bastidores, com a ajuda de algo pronto, como um protótipo. O produto fala por ele”, diz o investidor-anjo. Em circunstâncias do tipo, o ideal é que o empreendedor encontre alguém com habilidade em vendas para os pitches.
5) Conheça o investidor
Com o produto ou serviço formatado, pode surgir a necessidade de um investimento externo. Mas antes de pegar a grana, o empreendedor precisa saber quem realizaria o aporte. Junqueira diz que é necessário pesquisar mais sobre o investidor. “Às vezes, o dono do dinheiro não foi reconhecido como alguém sério. Não foi validado pelo mercado. O aporte é importante, sem dúvidas, mas é importante achar o parceiro certo.”
6) Na hora de conseguir um aporte, seja sedutor
Chegou a hora de encontrar com o investidor. O momento em que tudo tem que dar certo. Para ajudar o empreendedor a ter o melhor encontro possível, Maria Rita faz uma analogia com a postura de alguém em uma festa. “É preciso ser sedutor. Para conseguir o que quer, o empreendedor tem que mostrar o que tem de melhor, seja a sua ideia, experiência ou potencial para executar uma tarefa. E tudo tem que ser feito com brilho nos olhos, assim como na balada”, afirma ela.
7) Evite frases óbvias
Da mesma forma que cantadas não são a maneira mais eficaz de ficar com alguém na balada, clichês não são a melhor opção para quem quer mostrar os diferenciais de uma empresa. Frases feitas, como “eu sou a única pessoa no mundo com uma empresa assim” e “se atingirmos 1% do mercado, já somos bilionários”, denotam falta de criatividade. “Temos que evitar as frases óbvias e ser autênticos para fazer o negócio crescer. Seja o que você é”, afirma Maria Rita.
8) Não esconda os erros do passado
Em países com cultura empreendedora mais desenvolvida, como os Estados Unidos, falhar não é a pior coisa do mundo. No Brasil, por outro lado, o fracasso é desprezível e precisa ser esquecido e escondido. De acordo com os participantes do painel, os erros do passado não podem ser omitidos. Pelo contrário. “Quanto mais uma pessoa errou lá atrás, menor é a possibilidade de repetição do equívoco”, diz Kepler.
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